quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ESPERANÇAS

Um negro véu
desce sobre as faces inocentes
Daqueles que há muito procuram
Algo que lhes possa amainar
Suas dores.

Perambulam pelas ruas sem fim
Como vermes rastejantes
Em busca de encontrar uma lua,
Uma pequena luz
Que lhes mostre um réstia de esperança.

Vivem jogados, atirados aos porões fétidos
Como se apenas lixo fossem
E para nada mais servissem.

Apela, suplicam
Elevam seus olhares minguados aos céus
Numa tentativa última
De ali encontrar forças
Para também conquistarem
Uma vida digna e merecida.


Júlio Cesar

TERRA ARDENTE

Choro as mágoas
choro as tristezas
das queimadas

Choro os extermínios aem fim
e as buscas infrutíferas
pela preservação.

Não escuto mais teu cantar
nem ouço mais teu grunhido
apagado e abafado
pelos estalidos da mata
ardendo e queimando.

Vejo as labaredas
que se elevam ao alto
como se demonstrassem sua força
consumindo tudo sem dó.

Acabam-se as matas
apagam-se as esperanças de poucos
que lutam desesperados
para que a natureza se preserve
como garantia de um futuro melhor.

Júlio Cesar

DEVASTAÇÃO

O céu escurece
o dia se torna noite
o sol some
coberto pelas nuvens negras.

A paisagem torna-se sombria
carregada de máus presságios.

O canto dos pássaros emudece
as águas tranquilas e calmas
transformam-se em barrentas e turvas.

As árvores choram
por se sentirem feridas
em suas folhas e galhadas
que queima e ressecam.

O grito triste e melancólico
dos animais e seres indefesos
ecoa amargo e profundo
arrancando lágrimas
daqueles que amam a natureza.

Tristes e desolados choram
ante a perspectiva
da morte iminente
do que há de mais belo
na criação divina.


Júlio Cesar

VIDA NOVA

Novamente a luz surgiu
E num piscar de olhos, acordei
Para esta nova vida
Que me havia dado o Criador.

Os pensamentos eram mais puros
Os sentimentos mais elevados
E o homem dentro de mim
Soltou-se como um gigante.

O sonho tornou-se realidade
As verdades surgiram como que por ancanto
E minha vida transformou-se
Naquilo que sempre desejei.

Nada do que sou, um dia fui
Nada do que era, apagou-se para sempre
Meu eu, agora outro
Ressurgia tal qual o sol no horizonte.

Assim, caminhei para a vida
Trilhando passo-a-passo
Este novo recomeço
Que me deu, de graça, o Criador.


Júlio Cesar

NOVOS TEMPOS

Aos pensamentos eternos
Dirijo minha mente
À procura de respostas
Que aliviem minh'alma.

Nas virtudes esquecidas
Busco encontrar apoio e auxílio
Que me mostrem a "luz" verdadeira
Que me encaminhará
Pelos Universos sem fim
Galgando cada espaço
Como se fossem degraus
Na direção do infinito.

Pelas entrelinhas apagadas
Adentro na trilha certa
Tentando encontrar
O verdadeiro caminho
Que me iluminará na busca
Da perfeição.

No silêncio busco e apelo
Para que meus sentidos
Permaneçam alerta
Guiando-me sempre e sempre
Na direção do túnel de luz
Que mostrará para todo o sempre
O único passado, presente e futuro certos.

Júlio Cesar

PASSAGEIRO

Tornaste-me um agonizante
Que perambula de pensamentos
Em pensamentos
Sem contudo firmar-se na vontade própria
Como um guia perdido
Em labirintos sem fim.

Na poesia, deixas-me encontrar eco
E dela fazer um escudo e uma poderosa arma
Onde deixo transparecer meus anseios
Na busca incessante de um passado longínquo.

Largaste-me como um trapo velho
Como se mero mortal eu fosse
No entanto,às vezes podes te enganar
E nos poemas cantar as tuas verdades
Sem que consigas tocar-me o coração.

Luxúria, medo, alegrias e tristezas
Mar revolto em tarde escura
Largo apito, tristonho e febril
Nos ecos estridentes de um navio passante.

O que eras e o que buscavas
Fervilhava na mente do agonizante
Que agora treme nos medos crus.

Tal poder esconde a força
Que um dia desabrochará
Como pétalas de rosas
Ao sabor dos ventos uivantes.

Júlio Cesar

LUAR

Olhei o céu e vislumbrei a lua
que jorrava cascatas de luar
ao som dos grilos falantes
que pululavam no ar
com seu jeitinho trigueiro.

Senti a força do tempo
num céu estrelado e profundo
salpicado de estrelas brilhantes
que alardeavam as noites formosas.

Um frio penetrante e seco
fechou-se tal qual bailarino
a farfalhar as folhas das árvores
como gotas de orvalho cortante.

E a lua esplendorosa
bela, formosa e gigante
crescia nos teus lindos olhos, amada
numa promessa romântica
de um amor terno
e profundo.

Júlio Cesar